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Os abutres do jornalismo e os ataques às escolas

  • Foto do escritor: the notebook
    the notebook
  • 29 de abr. de 2023
  • 2 min de leitura

Como o sensacionalismo midiático acaba por propagar ideias violentas.


No aniversário do mais conhecido massacre escolar, ameaças são feitas contra os ambientes educacionais brasileiros é uma questão levantada, o que temos feito para impedir a repetição desses atos?

Nesta quinta-feira (dia 20) completaram-se 24 anos desde o conhecido Massacre de Columbine responsável por doze mortos e 24 feridos, esse ocorrido foi responsável por toda uma nova “categoria” de crimes envolvendo escolas ao redor do mundo e tem angariado (novamente) o fascínio de pessoas ao redor do mundo, os chamados fãs de “True Crime” (do inglês que significa crime real) movimentam as redes sociais com conteúdos relacionados ao caso e acabam por relembrar detalhes perturbadores do acontecido, porém para além dos informantes independentes encontra-se um risco ainda maior ao se ter casos como esses expostos de forma descuidada.


Por início devemos lembrar como a atual onda de violência se originou. No dia 13 de março de 2019 ocorreu o Massacre de Suzano, sendo esse o nono na história do país e descoberto posteriormente que os agressores tinham como objetivo superar o morticínio de Columbine, ou seja, o mais antigo representa inspiração para novos assassinatos e os culpados são idolatrados por jovens que possuem ideais semelhantes. A história contada sobre os responsáveis por crimes hediondos se assemelha em vários casos mesmo ainda mantendo suas particularidades, mas o modo como esses infratores são expostos à sociedade se iguala e ao mostrá-los quase como “mártires” por passarem por situações abusivas, tais como bullying e violência doméstica, é criada uma justificativa para suas ações.


É necessária a discussão sobre os acontecimentos ocorridos, todavia os limites do que deve ser exposto também precisam ser traçados, como já é feito na legislação no caso de menores infratores. Segundo o artigo 247 da Lei 8069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é proibida a exibição (total ou parcial) de menores de idade envolvidos em atos infracionais, entretanto é observado um movimento contrário a esse regulamento em que se é justificada a exposição desses indivíduos a fim de que sejam lembrados como criminosos, o que se prova contraditório ao se observar a influência que fatores como a exposição de agressores pode causar em determinados grupos que passam a se sentir motivados a cometer atos similares.


“A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro.” - Gabriel García Marquez.


A falta de ética ao narrar temas como esse pode ser o elemento necessário para distorcer a visão de jovens sobre a violência e causar um aumento nos casos de ataques à escolas como ocorreu no caso do dia 27 de março de 2023 que pode ter servido de potencializador na onda de hostilidade observada ao reportagens sobre esse acontecimento terem se tornado alvo de todos os canais de notícias, muitas vezes usando fatos errôneos para aumentar os números de audiência ou de leitores, inclusive expondo demasiadamente os agressores e suas táticas.


Em suma, a exposição sensacionalista dos crimes torna difícil para os consumidores das notícias assimilarem a profundidade dos assuntos tratados ao tê-los apresentados de forma banalizada, no entanto podem ser criadas políticas públicas que evitem que o jornalismo ocorra em detrimento das tragédias escolares e que garantam uma narrativa verdadeira sobre os ataques.




Autoras: Maria Alice sousa e Brenna Silva

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